EFÊMEROS HUMANOS

 

Somos vento

Sopro breve que toca a terra

Antes de se perder no esquecimento

Somos rastro de uma estrela cadente

Um brilho volátil no véu do infinito

Onde tudo nasce já morrendo

 

Somos pele, osso e memória

Pó que dança na luz da aurora

Vida que se afoga no silêncio do tempo

E ainda assim, quando se vão, choramos

Porque sentir é nosso maior tormento

E também, nosso dom mais insano

 

Trazemos no peito o peso dessas eras

Como se o mundo fosse todo nosso fardo

Como se fôssemos mais do que um suspiro

Na garganta do universo

Mas a vida é só um poema amargo

Escrito em areia e disperso

 

E no instante final, quando a chama apagar

As linhas frágeis desenhadas

Resta apenas a beleza

de termos existido

Ardido

Antes do nada.

 

Por Helena Pereira (Pseudônimo Lunah Lan)

Em homenagem a professora Cassia Meira (in memorian)

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