NÃO TEM ARREGO
Esse tipo de conjuntura não nasceu hoje, nem agora.
Esse é um processo que a Europa já viveu, que muito outros países já viveram e
que o Brasil necessitava vivenciar.
O levante da juventude.
Eu não sei em qual foi exatamente o momento em que
ouve o start da politização de um povo estagnado e submisso.
É claro que as autoridades não estavam acostumadas a
combater alunos e professores, sua última experiência foi a da ditadura e como
único exemplo agem da mesma forma sem nem se tocarem nos avanços que ocorreram
ao longo desses 50 anos.
As novas tecnologias que transmitem em tempo real e
dão voz aos que são brutalmente calados.
As novas armas, sejam elas da parte da polícia com
spray de pimenta, máquina de choque ou até os famigerados gás lacrimogênio e
bala de borracha.
A juventude de 1960 vivia um ar libertário, nada os
podia segurar. A juventude de 2015 é cria de creches, de pais que trabalham
fora e filhos que “se viram” sozinhos. Quase independentes necessitavam apenas
de conscientização e politização. Sair do mundinho da “Malhação global” e
partirem para o mundo real.
Sinceramente eu não consigo ver o momento exato em
que isso aconteceu, mas como em toda a história não há apenas um ponto de
deflagração neste evento também não há.
Depois de muitas pressões sofridas, pelas diferentes
minorias sociais, como constante morte de jovens negros, feminicídio, a
exclusão social dos menos abastados economicamente, veio o possível fechamento
do único espaço que o jovem tem para socializar, a escola.
Único sim. Porque praças são lugares perigosos. Uma menina
que passeia na praça pode ser estuprada por motivos justos, afinal ela não
tinha o que fazer em casa?
Os meninos que passeiam na praça podem ser mortos
por motivos justos. Na praça só fica vagabundo e traficante. “gente de bem”
fica no trabalho.
E foi aí que essa juventude ressurgiu das cinzas
para ocupar e resistir contra os desmandos de uma ditadura que não existe no
papel, mas, é propalada todos os dias pelos governos vigentes.
Isso é bastante interessante, porque parte dos
jovens. Onde estão os seus pais? Continuam cabisbaixos trabalhando para
sustentar o sistema. Mas há algo muito lindo nisso. É que apesar dos pais não
terem força para romperem os grilhões, também não impediram a luta de seus
filhos. Isso é digno de honraria.
E lá surgiram as novas palavras de ruptura ocupação
(não invasão) porque o espaço é público e deles e trancaço, que basicamente é
ir pra rua parar a sociedade alienada e dizer “EI, NÓS ESTAMOS AQUI – ESTAMOS LUTANDO
POR NOSSOS DIREITOS”.
Mas, nós vemos a permanência. A truculência que
resiste de uma polícia tão alienada quanto à sociedade que foi treinada pra ser
brutal e mal educada. Pra agir com arma na mão, não sabe conversar, não sabe o
que é democracia.
Eu tenho orgulho dessa juventude, que luta por si
como todos deveríamos lutar. Eu espero que o resultado de tudo isso seja
refletido nas urnas. E que lá sim sejam peneirados e separados o joio do trigo
sem arrego.
Lunah lan
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