O QUE NÃO TE MATA TE FORTALECE! SERÁ?



Era mais um daqueles dias de verão. Recebíamos visitas em casa, crianças corriam pelo quintal. Resolvemos ir ao shopping, porém ele ficava na cidade vizinha. Era dia de semana e o marido estava trabalhando, não podia nos acompanhar nesta pequena viagem. Íamos as duas mães e as três filhas pequenas.
Passando o check list:
1 - Carro – (água, óleo, combustível) - ok
2 - Carteira de habilitação – 02 – ok (sendo eu além de tudo funcionária do Detran e examinadora de trânsito e a amiga com vasta experiência em direção)
3 - Dinheiro para algumas comprinhas – ok
4 - Autorização do marido para sair -
Foram horas (quase metade do dia) de conversas explicando o motivo do passeio, prometendo isso e aquilo para conquistar o “alvará”.  Por fim, depois de averiguar o carro, repentinamente ele deu o veredito. Podíamos enfim partir. Deixamos o estresse de lado e seguimos viagem. Dentro da cidade, velocidade máxima de 60km/h, nada percebemos.
Porém, ao chegarmos á estrada, o carro não andava, víamos os carros nos ultrapassarem e na subida depois do rio, se fossemos a pé íamos mais rápido.
O que no início parecia ser um passeio feliz foi nos preocupando. A visita que veio de longe passar as férias não estava se sentindo bem com a situação, acreditando que o carro estava estragado, e/ou que eu não sabia dirigir. Apesar de ela também ter tentado e não ter conseguido. As crianças começaram a ficar estressadas com a situação e por nos perceber nervosas.
Levamos 3 vezes mais de tempo para percorrer o percurso até a cidade vizinha, deixei-as no shopping e procurei um estacionamento mas reservado.
Liguei para o marido e muito nervosa, pedi que me contasse o que havia feito ao veículo.
Ele demorou um pouco, mas acabou contando que sabotou o carro, mexendo na mola do acelerador.
Nesse momento fui ao extremo do nervoso, não acreditando que um pai poderia por em risco a vida de suas filhas, de sua esposa e de terceiros por motivo tão fútil, o machismo. Mas foi isso que fez. Ria-se da minha cara.
Então expliquei-lhe dos riscos que corremos e pedi que me ensinasse a arrumar o que ele estragou. Arrumei. Voltei para o shopping. Peguei as meninas que estavam sentadas em um banco e voltamos para casa, sem ânimo de nada.
Fizemos a volta em silêncio, ninguém tinha coragem de falar do assunto.
Chegando em casa a visita fez as malas e foi embora antes dele chegar do trabalho.
Chorei! Chorei muito! Mas não sabia que eu podia fazer algo a respeito.
Quando ousei contar ás pessoas pelo que tinha passado ouvi:
- Deixa de ser boba, o que não te mata te fortalece!
Aquilo me indignou ainda mais. Não conseguia acreditar que alguém que diz que ama pode desrespeitar o outro de forma tão explícita e contundente.
Com certeza isso não te fortalece, por que evidentemente te mata um pouco a cada dia.


Lunah Lan

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