A LUZ DE VELAS É MAIS ROMÂNTICO
Eu sempre fui uma criança
muito curiosa. Sempre tive muita vontade de escrever e principalmente de ler. Meu
pai não gostava muito disso. Irmã mais velha de três irmãs e carrego nas costas
e nas pernas marcas dos espancamentos por traquinagens que muitas vezes eu não
tinha feito. Eu lia tudo. Placa de rua, eu morava na Rua Visconde de Taunay e a
minha primeira curiosidade era porque se escreve Taunay e se fala Toné. Toda
vez que eu preguntava me mandavam calar a boca, até a professora ficou furiosa
quando perguntei. Quanto mais mandavam me calar, mais curiosidade de descobrir
eu tinha.
Lembro-me do primeiro gibi. Achei
na rua um gibi do TEX, história de cowboy, não era pra minha idade é claro,
nenhuma leitura era. Eu tinha que cuidar da casa, lavar a louça e varrer o
quintal cuidar das irmãs. Na minha casa tinha uma folhagem que não precisava
muito de água e como era eu que colocava água não tinha o que temer. Escondi o
meu gibi no meio da densa planta. Ao anoitecer ia à “privada” que ficava fora
da casa de apenas dois cômodos bem apertados e trazia o gibi. Enquanto meus pais
tomavam chimarrão e discutiam as coisas do dia, eu lia escondido o livro pela
fresta de luz da vela que entrava pelo vão da parede. Li e reli aquele livro,
um pouquinho a cada dia. Muito do que a história dizia eu guardei as palavras
para procurar no dicionário, algumas palavras eu ia descobrindo de prestar a
atenção no contexto das frases outras eu demorei anos para descobrir, mas nunca
esqueci, dormia repetindo todas elas e só eliminava da lista às que eu já havia
descoberto o significado.
Lunah lan
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